Karol Conká.
Não sei quem é. O texto não é sobre ela. Ou, talvez, seja sobre todos.
Na verdade, eu só queria refletir a respeito do interessante fenômeno social decorrente do BBB: as pessoas começaram a ver que a lacração é chata. Lacrar não é normal. Era bonitinho para ganhar aplausos e receber um pouquinho de aceitação social que resolvia sua carência, mas não é o modo normal de viver. A vida cobra suas contas e seus boletos. Ela exige resultados reais da mesma forma como possui problemas reais. Não existe uma dívida cósmica com você: na verdade, a maior parte das pessoas no mundo, sua quase totalidade, sequer sabe que você existe. Quando a lacração trazia seguidores, curtidas e carinho afetivo, ela era interessante. Mas esse BBB teve um mérito: mostrou como seria uma comunidade de pessoas lacradoras vivendo juntas. E ninguém agüentou. Há coisas que as pessoas só compreendem depois que vêem, porque, então, podem imaginá-las. E elas começaram a imaginar: “e se isso fosse a regra geral?” Houve um embrulho inconsciente no estômago. E o sentimento foi descarregado nos participantes: “ei, isso não legal; isso não é a vida verdadeira e ninguém aqui vive assim”. O resultado foi que até os companheiros de lacradas aqui fora começaram a negar os antigos parceiros: “eles não nos representam”. Mas não representavam até ontem? Os aplausos da lacração são ilusórios até nisso: não são sinceros. Carência louva carência e retira o seu louvor tão rápido quanto o gozo passa. E os participantes? Esses são os mais perdidos nisso tudo. Eles estavam acostumados a fazer aquilo e a ser louvados em seus próprios perfis. Era seu mundo: seu único mundo, onde eles definiam as regras e recebiam os aplausos por isso. Então, foram convidados para outro ambiente de glamour e atenção. Pensaram: “qual o problema? É só continuar a fazer o que já fazíamos”. Mas não era, porque, enquanto cada um criava seu mundinho artificial, ali todas essas artificialidades se chocaram e não puderam subsistir. Glamour, aplausos, lacração: tudo é fugaz. Tão fugaz que eles mesmos ficam sem entender depois que voltam para cá. Para nós, pelo menos, isso serve como uma lição prática.
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