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Não contavam com a internet



A mídia sabe muito bem que consegue inocular sensações no leitor, especialmente nos mais desavisados.


A tática de romantizar o crime é antiga, e acaba, de fato, moldando as mentes e os corações dos mais frágeis.


Os mais suscetíveis à manipulação não são as pessoas mais simples e sem estudo. Essas, normalmente, têm os pés na realidade de uma vida comum. Não vivem de ideias abstratas e mirabolantes, pois têm mais o que fazer.


Os mais suscetíveis são os mais vaidosos. Doutores, acadêmicos, bacharéis e toda sorte de intelectuais, sempre prontos para posar de empáticos e receber os aplausos dos membros da mesma patota que, de forma ridícula, se adulam mutuamente.


Essa romantização não é de agora. Na literatura, no cinema e nas universidades, todo o ambiente cultural foi imerso nesta atmosfera de inversão de valores.


Desde Jorge Amado na literatura com seu “Capitães de Areia”, passando por Cacá Diegues no cinema com “Cinco vezes Favela”, até chegar na música com Racionais MC’s, a romantização do crime foi ganhando a cena cultural e a simpatia das inteligências mais vulneráveis.


Mas eles não contavam com a internet.

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