Há 50 anos o cidadão se informava através de programas jornalísticos com horário certo no rádio e na TV, e lendo meia dúzia de jornais.
A TV começava a transmitir ao meio-dia e encerrava pouco depois da meia-noite.
Acredite se quiser.
Com o surgimento das TVs por assinatura foram criados os canais de notícias, que funcionam 24 horas por dia.
24 horas no ar transmitindo, comentando - e, quando necessário, fabricando - notícias.
Tudo é notícia.
É uma fábrica de doidos.
É uma fábrica de doidos doutrinados, porque a escolha, a apresentação e a análise das notícias sempre segue direcionamento político-ideológico.
Mas esqueçamos a ideologia por um momento. Vamos examinar a insuportável carga psicológica e moral que o cidadão das democracias ocidentais passou a carregar nas costas.
Ele precisa saber de tudo, se mobilizar por tudo e entender de tudo. Ele é convidado a analisar a confiabilidade de uma vacina, a se pronunciar sobre a política de imigração dos EUA ou a eleição de um novo presidente da Câmara de Deputados. Mas qual cidadão comum, em sã consciência, tem condições de opinar sobre esses assuntos?
Para encher as 24 horas com notícias é preciso que cada tragédia, cada crise e cada crime que acontece ao redor do mundo seja apresentado a você, na sua sala.
Para encher as 24 com notícias - e encher os cofres das emissoras - é preciso encher seu saco, sua mente e seu espírito com fatos ou histórias irrelevantes, ideias absurdas e opiniões desconexas e “especialistas” fake.
Para encher as 24 com notícias é preciso exigir que você expresse sua indignação, sua raiva e sua tristeza a cada 20 minutos.
Ninguém resiste a isso. O resultado é uma vida vivida pela metade; é a subordinação do intelecto e do bem-estar emocional do indivíduo à agenda comercial e política das redes de TV.
O resultado é insegurança, desequilíbrio psicológico e anemia intelectual.
É uma depressão, um sentimento ruim generalizado do qual é quase impossível fugir.
Não é à toa que o slogan de uma dessas redes de TV é “nunca desliga”.
Rebele-se.
Desligue você a televisão. E volte a viver.
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