Tendo saído para dar uma volta no início da manhã, fiquei atento ao caminho, observando paisagem e pessoas. Uma neblina leve convidava ao exercício e não me neguei ao pedido. Observava o horizonte, tentando discernir objetos distantes. Seguia só, na direção que tomei e cruzava outros tantos passantes na via até que se aproximou alguém e caminhou ao meu lado. Após alguns minutos calados resolvi quebrar o silêncio e dei um bom dia (coisa de seis minutos depois) e como resposta eu recebi gestos. Tendo notado que era muda, mas não surda (por ter me ouvido) continuei falando, pedindo desculpas por não poder corresponder com aquela gesticulação; não sabia nada sobre libras (na verdade uns três ou quatro gestos conheço, mas longínquo de ser linguagem). Meu recém-conhecido balançou a cabeça positivamente e continuamos andando sem eu mais nada dizer. Pensava sobre o convite que dispensei cerca de dois meses atrás para aprender essa forma de comunicação. Poderia ter frequentado as aulas e nesse momento eu entraria em outro mundo, compartilharia outras experiências, conheceria mais do que sei sobre tanta coisa e senti-me um pouco frustrado com isso. Cheguei a casa com o pensamento fixo: posso ser mais do que um observador dos que não podem falar e assim penetrar em um mundo novo e que pode trazer boas sensações. Você já fez isso comigo? Com outra pessoa? Entrar no universo dela, importar-se? Criar empatia? Se não tentarmos, não teremos como crescer. É preciso esforço, perda de certa timidez.
Licença, vou dar uma olhada aqui nos “olás” gestuais da internet.
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